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Casa Arrumada

Gente querida...

Como vocês devem imaginar, tenho pensado muito em como quero minha casa, como vou decorá-la, como vou fazê-la uma casa bonita. Mas, acima de tudo, não esqueço do quanto quero ser feliz nessa casa, o quanto quero viver nela com tanto amor, respeito, carinho, cumplicidade, companheirismo e aconchego. Vemos centenas de fotos de ambientes planejados, de idéias fantásticas de decoração, mas, acima de tudo, precisamos nos ver dentro dessa casa e precisamos fazer com que ela tenha a nossa cara!

Queremos uma casa aconchegante e confortável, mas, muito mais do que um sofá fofinho, tapetes macios, toalhas macias e uma cama confortável, o que torna uma casa aconchegante é o amor que sente dentro dela. Confortável mesmo é o abraço protetor e amoroso de quem a gente ama. Portanto, acima da preocupação com O QUE estará em nossa casa, precisamos nos preocupar com QUEM estará na nossa casa e como cultivaremos os corações daqueles que partilharão esse espaço com a gente. 

E é pensando em tudo isso que compartilho com vocês esse texto lindo (que tem sido atribuído ao grande poeta Drummond, mas que é de autoria de Leda Gino) que recebi da pessoa que primeiro me aconchegou na vida e que continua fazendo isso até hoje: minha mãe...



Casa Arrumada 
 
Casa arrumada é assim:
  Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz. 
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um  cenário de novela. 
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas... 
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida... 
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar. 
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha. 
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? 
Tá na cara que é casa sem festa. 
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança. 
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde. 
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto... 
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda. 
A que está sempre pronta pros amigos, filhos... Netos, pros vizinhos... 
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca  ou namora a qualquer hora do dia. 
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente. 
Arrume a sua casa todos os dias... 
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela... 
E reconhecer nela o seu lugar. 
 
Carlos Drummond de Andrade 

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